Diário de um Novo Lar, Parte III
Os dias passam. As contas aparecem, os cálculos fazem pares com minhas dúvidas e dançam em minha mente. Será que vai dar certo? Vou ter dinheiro o bastante? Não é um desperdício ir morar sozinho tendo ainda uma casa de família que quer te abrigar (ainda que parcialmente)?
No meio dessas divagações, lembro de dois fatos interessantes, do passado e do futuro.
Há mais de trinta anos, um jovem ainda noivo veio para essa cidade e, com a cara e a coragem, começou a plantar as sementes daquilo que ele queria na vida. Teria sido mais fácil ficar perto da sua casa: Um pai boiadeiro, que nunca deixou nada faltar. Um lar onde ele sabia que nunca teria problemas além daqueles que fazem parte de qualquer relacionamento entre humanos. Se tudo desse errado, era apenas preciso pegar um cavalo (metáfora: apesar de cavalgar, ele poderia ir de ônibus) e voltar para as asas da família. Mas ele escolheu mais de seiscentos quilômetros de distância, um local onde tudo era diferente. E cheio de possibilidades.
Ele ousou. Saiu de casa. E hoje ele tem uma grande família, da qual pode (tentar) se orgulhar.
Em alguns meses, este que vos escreve estará completando sua terceira década. Trinta anos nas costas. E ainda morando com os pais. É mais do que meu orgulho poderia aguentar. Não por uma sensação de "ser sustentado", mas pelo fato de saber que também posso ser provedor, e não apenas usuário. Ser independente.
Por isso, hoje a decisão que tomei enquanto carregava sofá, armário e mesa pode talvez deixar algumas pessoas tristes. Outras felizes.
Mas eu sei que EU estarei satisfeito.
Em abril, o novo lar estará aberto.
Que assim seja.
domingo, 29 de março de 2009
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